domingo, 21 de setembro de 2014

Benefício da dúvida


Vivemos um tempo espantoso, de imensa criatividade, de descomunal conhecimento. Podemos afirmar, sem margem para erro, que 99,999999% dos sábios da história da humanidade -, desde a pré-história mais remota, aos luminosos dias de hoje, da Antiguidade Clássica, à Idade Moderna, do tempo de Aristóteles ao tempo de Galileu, - estão todos vivos! Não é fantástico sermos contemporâneos da esmagadora maioria dos sábios de todos os tempos?

Esta constatação torna desconcertante saber que apenas uma pequena parte deste enorme potencial tenha vindo a ser usado para resolver os problemas humanos. Seria espectável que tanto conhecimento acumulado, da natureza e do próprio ser humano, fosse prioritariamente aplicado no combate às doenças, na compreensão e melhoria das relações entre pessoas e povos, e, duma forma geral na busca da felicidade.

Mas não. O melhor da ciência, é, antes de mais, aplicado na capacidade de nos matarmos uns aos outros; o maior conhecimento que adquirimos do nosso notável cérebro, é, de imediato, aplicado em técnicas de vendas e no exercício de nos enganarmos uns aos outros.

Dá vontade de concluir que a inteligência é diretamente proporcional à estupidez,  mas não quero acreditar nisso. Prefiro conceder o benefício da dúvida e pensar que o conhecimento acumulado ainda não se tornou sabedoria, ou que ainda pensamos muito com a cabeça e pouco com o coração.

Daniel D. Dias